Nelore Valente - Daniel, Rick Sollo

Na fazenda que eu nasci\nvovô era retireiro\nem criança eu aprendi\nprender o gado leiteiro\num dia de manhazinha\nvejam só que desespero\ntinha um bezerro doente\na ordem do fazendeiro\nmate logo este animal\ne desinfete mangueiro\nse essa doença espalhar\npoderá contaminar\no meu rebanho inteiro\neu notei que o meu avô\nficou bastante abatido\npor ter que sacrificar\no animal recém nascido\nnas lágrimas dos seus olhos\neu entendi seu pedido\npus o bichinho nos braços\nlevei pra casa escondido\ncom ervas e benzimentos\nseu caso foi resolvido\ncom carinho ele tratava\ne o leite que o patrão dava\ncom ele era dividido\nquando o fazendeiro soube\nchamou o meu avozinho\ndisse você foi teimoso\nnão matando bezerrinho\nvai deixar minha fazenda\namanhã logo cedinho\naquilo feriu vovô\ncomo uma chaga de espinho\nmas há sempre alguém no mundo\nque nos dá algum carinho\ne sem grande sacrifício\nvovô arrumou serviço\nali no sítio vizinho\nem pouco tempo o bezerro\njá era um boierado\nbonito, forte, troncudo,\nmansinho e muito ensinado\nautomóvel do atoleiro\nele tirava aos punhados\npor isso na redondeza\nficou bastante afamado\naté que um dia a noitinha\num homem desesperado\ngritou pedindo socorro\nseu carro caiu no morro\nseu filho estava prensado\no carro da ribanceira\no boi conseguiu tirar\no menino estava vivo\nseu pai disse a soluçar\nqualquer que seja a quantia\neste boi eu vou comprar\neu disse ele não tem preço\na razão vou lhe explicar\na bondade do vovô\nveio seu filho salvar\nesse nelore valente\né o bezerrinho doente\nque o senhor mandou matar